Quem passa pela Marginal
Pinheiros pode observar grandes grupos de capivaras à beira do rio, no sentido
bairro. Os animais fizeram do local sua moradia e constituíram família, hoje
são mais de 200 animais vivendo ali, uma verdadeira invasão. A capivara é o
maior roedor do mundo e é semi-aquático, ou seja, vive em locais pantanosos,
brejos e também nas florestas (próximo a lagoas, lagos e rios), por isso, elas
conseguiram se adaptar muito bem às condições do ambiente e, aos poucos, foram
se reproduzindo. Hoje, elas são praticamente domesticadas. Não se assustam
tanto e já se acostumaram com a presença das pessoas que passam pela beira do
rio.
Família de capivaras vive em torno do rio Pinheiros
Segundo Guilherme Maciel,
biólogo, elas não encontraram grandes problemas para tornar o rio seu habitat,
mesmo sendo animais selvagens, eles não sentem mais o grande impacto causado em
seu ambiente, são considerados sinantrópicos, pois se adaptaram a viver junto
do homem. Além disso, na região não há predadores, o que gerou um grande
aumento na população. Ainda assim, esse aumento dos roedores pode ter uma
solução, o biólogo nos contou que há um projeto para castração dos animais:
"O Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio)
autorizou a castração dos animais que lá residem atualmente, o que pode vir a
ser uma boa solução, se diminuída também a oferta de alimento, pois é a
quantidade de alimento disponível que leva ao aumento da população."
Protegidas por lei
Entretanto, segundo Vilma
Clarice, Diretora do Departamento de Fauna da Secretaria do Meio Ambiente e
médica veterinária, não há projeto para a retirada dos animais e nem prospecção
para controlar a reprodução desenfreada dos roedores. Conforme nos disse, as
capivaras adotaram a beira dos rios como habitat natural: "A vegetação do
Rio Pinheiros implantada pela Secretaria do Meio Ambiente e o Projeto Pomar há
alguns anos, favoreceu a população de animais, dando suporte de alimentação e
abrigo às espécies. Assim, não há projeto para retirada de capivaras das beiras
dos rios da capital, essas são áreas de ocorrência natural da espécie, são
animais silvestres de vida livre e protegidos por legislação. Além disso, nas
margens do Rio Pinheiros, por exemplo, foram colocadas proteções para impedir
que os animais invadam as marginais e evitar atropelamentos."
Já para Thays Barbosa, ciclista
que já presenciou as capivaras a beira da ciclovia da Marginal Pinheiros, a
melhor solução é tirá-los de lá e colocá-los em um ambiente seguro, já que ela
inclusive presenciou um dos animais morto: "precisa entender como elas se
reproduzem, porque tem uma quantidade muito grande, o que eles podem fazer com
elas caso tirem de lá também me assusta um pouco, porque não acredito que São
Paulo tenha um volume grande de zoológicos ou lugares que elas possam ser
levadas e bem tratadas. Mas acredito que tirá-las é a melhor opção. Além disso,
eu já vi uma capivara que provavelmente foi pra pista e foi atropelada por um
carro ou algum caminhão próximo a ponte da João Dias, ela passou por mais de 2
dias no acostamento morta. As pessoas passavam e como lá tem um grande fluxo de
carro e tem uma calçada muito pequena, ela ficou lá por muito tempo e eles não
conseguiam tirar o corpo do bichinho."
Além da discussão entre tirar ou
não os animais da beira dos rios e se elas atrapalham os ciclistas da ciclovia
da Marginal Pinheiros, os roedores também preocupam a população em outro
sentido: a febre maculosa. Entretanto, não há motivo para receio, as capivaras
não são os transmissores da febre maculosa, elas são hospedeiras do
carrapato-estrela, os quais são os transmissores da doença, portanto apenas o
contato direto pode ser prejudicial. E, segundo a médica veterinária, Vilma, os
animais que vivem aqui não oferecem riscos, o grupo que habita a região do Rio
Pinheiros e represas da capital, anteriormente era monitorado por professores
pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e, recentemente, foram
monitorados pela equipe de técnicos da Divisão de Fauna Silvestre do Município
de São Paulo, que realizou um levantamento sorológico numa amostra dessa
população de capivaras. Ainda assim, o indicado é não interferir com os animais
silvestres.
Alguns pensam que o abate seria a
solução para afastar os animais do convívio com a população, entretanto essa
não é uma opção eficaz. Alguns anos atrás foram realizados em Campinas, o abate
das capivaras que residiam no Lago do Café, o que gerou muita polêmica e não
trouxe resultados, pois outros animais apareceram por lá, já que é um local
seguro e com grande oferta de alimento. Ou seja, pensar no abate dos roedores
não é uma opção, as capivaras de São Paulo já tornaram as marginais seu habitat
natural, inclusive com o apoio da Secretaria do Meio Ambiente e do Projeto
Pomar, por isso, a solução para a população é apreciar as famílias de roedores
que ali vivem e buscar uma convivência respeitosa e pacífica com os animais.
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